Francisco Gonçalves Peres destaca que a tokenização de ativos físicos e imobiliários tem provocado mudanças profundas na forma como investidores acessam e negociam patrimônio. Ao transformar bens reais em representações digitais únicas registradas em blockchain, esse modelo cria novas possibilidades de liquidez, fracionamento e transparência, elementos que antes limitavam o avanço de setores como o imobiliário e o agronegócio.
A principal inovação está em permitir que ativos de alto valor, como imóveis, sejam divididos digitalmente em pequenos tokens e, assim, negociados com mais agilidade e menos barreiras de entrada. Isso atrai investidores de diferentes perfis, democratiza o acesso a mercados tradicionalmente concentrados e amplia a circulação de capital. A tokenização, portanto, não é apenas uma tendência tecnológica, mas uma reconfiguração das bases financeiras tradicionais.
O que muda no mercado ao tokenizar um imóvel ou bem físico?
A tokenização transforma ativos como imóveis, terrenos ou maquinário em unidades digitais negociáveis em plataformas seguras. Francisco Gonçalves Perez explica que isso reduz a burocracia, agiliza o processo de compra e venda e permite uma maior flexibilidade nas transações. Investidores podem adquirir apenas uma fração de um ativo, o que reduz o capital necessário para entrar em operações antes restritas a grandes aportes.
O uso do blockchain garante um histórico imutável de todas as transações, promovendo mais confiança entre compradores, vendedores e reguladores. Esse tipo de transparência pode acelerar a institucionalização da tokenização, favorecendo inclusive a entrada de fundos e agentes financeiros mais tradicionais neste mercado emergente.
Quais os impactos na liquidez e acessibilidade dos investimentos?
Ao fracionar ativos em tokens, o mercado ganha dinamismo. Francisco Gonçalves Peres ressalta que um dos principais entraves do setor imobiliário, por exemplo, sempre foi a baixa liquidez: vender um imóvel leva tempo e envolve altos custos. Com a tokenização, o investidor pode vender suas cotas com mais facilidade, como se fossem ações ou cotas de fundos, adaptando-se com mais rapidez a variações de mercado.

Esse novo modelo também reduz a distância entre o pequeno investidor e os ativos de alto valor. Em vez de precisar adquirir um imóvel inteiro, a pessoa pode comprar uma fração por meio de plataformas digitais. Isso amplia a base de participantes do mercado, fomenta a descentralização dos investimentos e cria um ecossistema mais inclusivo, sem abrir mão da segurança jurídica e operacional.
Como a tokenização pode transformar a estrutura dos mercados financeiros tradicionais?
A tokenização força uma revisão das regras, dos modelos operacionais e até da atuação dos intermediários. Francisco Gonçalves Peres destaca que bancos, cartórios e corretoras precisarão se adaptar a uma lógica mais direta, digital e baseada em contratos inteligentes. Isso tende a reduzir custos operacionais e aumentar a eficiência do sistema financeiro como um todo.
Além disso, essa tecnologia abre caminho para novos produtos financeiros lastreados em ativos reais. Já é possível imaginar carteiras compostas por tokens de imóveis, terrenos agrícolas ou até obras de arte, com liquidez global e gestão descentralizada. O impacto estrutural pode ser comparado à digitalização bancária: quem não acompanhar a transformação corre o risco de ficar obsoleto.
Novas fronteiras para o capital e a confiança
De acordo com Francisco Gonçalves Peres, a tokenização representa um passo importante rumo à modernização do mercado financeiro, especialmente em países com alta informalidade e pouca integração tecnológica. Ao combinar segurança de rede com facilidade de acesso, esse modelo redefine o que é possível em termos de investimento, propriedade e circulação de valor.
Autor: Tatlin Surkov